quinta-feira, 30 de junho de 2011

encontrar-te foi uma das coisas mais bonitas e esplendorosas. encontrar, conhecer, perturbar. na barafunda dos teus olhos, uma rocha se liquefez. e ao se liquefazer, se encheu de diversas nuances do negro e do verde,

liquefeita, a rocha insustentável dos dias se tornou mais suave, delicada e leve. logo somou (a)o índigo dos céus, a terracota, e a diversidade difusa das ruas. lhe assaltou junto as cores, a luz, a cegueira. difusa, encontrou a escuridão ao meio-dia, e dela brotou um desprotegido sorriso,

cega, foi conduzida a outros sentidos.
nos desvãos, a escuridão, o silêncio, a solidão. assim a luz sempre avança, preenche, nunca há fim.






terça-feira, 28 de junho de 2011

Querelas com um velho que era para ser

rachar as palavras
escrever nelas as vontades
imbui-las de


pintar a coisa de dentro
dar cor como pulso
sangrá-la e

retornar à perturbação da forma
dos versos contados
das coisas ditas ou

uma ausência que incomoda
in,significante 
insignifi

desistir de escrever
desistir de contar
desistir de repetir


desistir d'existir 

e assim também se vive um pouco
mesmo que no tonel cínico:
o mastubardor poético na licença plena de qualquer performance

domingo, 26 de junho de 2011

a crueldade da repetição

eNada era tão cruel que não pudesse doer em poesia
etudo não era tão díficil que não pudesse rimar poesia
ealgo era tão simples que poderia ser poesia
eisto era tão que não
era que sim
era que não
eassim
ereduntante obliterada
epoesia
e com licença

efácil 
edifícil

ede protesto
excluída dos meios de produção
excludente como meio de seleção
eno parnasianismo eterno da forma
perdia-me entre 'es' e ideais
entre atitudes
proposições
frases
nada eram
enquanto tudo era
conjunção irritante
até o instante em que algo se tornou
e eu pude eliminar as conjunções causais
que me trouxeram até aqui
supus que fosse de amor pela hora

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Do que tinha

... tinha um jeito, tinha um susto no olhar...
... tinha uma pele com voz...
... mas conseguia ter também um nada...
... conseguia uma ausência de cor...
... uma indiferença tórrida...
... uma ausência feito chama de vela apagando...
... bastava um sopro leve... e fim.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Nos

Nos
nos braços
um no
outro
Nos
na pele
de outr'em um
Unos
no
infinito
sem possibilidades



a pura necessidade da pélvis 

sexta-feira, 17 de junho de 2011

as vozes do silêncio

ou como entender um burocrata

o bebedouro meditava
acessos mil e variados
a n mundos incompossíveis
seu ronco intermitente
profundo
afinava-se ao frio galático
de uma reunião

segunda-feira, 6 de junho de 2011

[hiato]


ponto movimento trabalho vida desejo linguagem vírgula acerto falso erro incerto certeza verdade vírgula encontro cinema atropelo letra borracha contrapelo erro ponto espaço finito espaço infinito cacau vírgula
corre reticências soma vírgula palavra coisa palavra coisa dois pontos