sábado, 20 de abril de 2013

fálicas

a realidade sempre dá o bocejo zero do meu sono ao se mostrar maior que qualquer sonho. por isso mesmo se volta a convite de sonho, medonho, e qualquer (sempre é um sonho qualquer), a dar o prazer da entrega de uma vida a uma nulidade. não queira sonhar queira sonhar: ordens da bigamia do juízo imperfeito nego-não-nego e ontem estive com meu-bem-querer-mal-me-quer a me dar as flores de corrosão do romantismo heroico às avessas: aquele que quer indo embora. e eu quis a última transa pra doer e depois desamar mais amando mais mas nem isso. hj o dia é de música diferente: tenho nada e quero, sabendo que é nada de novo, o novo.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

no vazio
pleno de teus fios
não encontro alvideia.
toda curva retilineia-se.
eu: um sem serifa
desvirgulado
na ausência de ti
te escrevo lenta
e sonolongamente
como se pós-adormecido
por coisa de alguns anos
não me sentisse
nem me pusesse rijo
para sair trançando-te
em detalhes líricos.
não sei onde deixei a caixa
aquela com os inutensílios
que pontualmente eu usava
para te destornear
te deixar assim mais suja
em retalhos e linhas cortadas
insubordinadas ao corte textural.
um tudo aqui
que soa negação.
um inóspito recanto de nada
que só impele o retear
e o abandono ao meio
do tecido turvo
que se impõe
incapaz de cosê-lo.