Quem é o
Cari?
De quem é a Oca?
Qual é o
cabeça?
Onde fica sua toca?
Onde fica sua toca?
Que palavras
são essas?
Como é que
ele pensa?
É em deus
sua crença?
Do que é que
ele fala?
O que leva
na mala?
Um projeto pro
povo?
Com essa
conversa de novo?
E, grave, se
cala...
"O que
é, ó Cari?
O que fazes
aqui?
Um projeto
pra copa?
Não me faças
de idiota!"
Pouco
esfíngico, muito reto
não se finge
de agiota:
respondeu-me
logo direto
sem mudar a
sua rota.
"Caiste numa arapuca,
tupi-capião. Não! a lei não é tua
tupi-capião. Não! a lei não é tua
e, para ti, é
melhor a tijuca
do que
qualquer aldeia de rua.
Mas, acredite
em mim,
nosso acordo
vai demorar.
Porém, se quiser esperar
temos lugar em jacarepaguá.
Porque antes
de deitares
no podre mangue
do esquecimento
porei-te
junto aos jacarés
para não os deixar em tormentos.
Porém, se quiseres
voltar
pra morrer
no seu ‘lugar’
não posso objetar:
sua passagem,
não hesitarei pagar.
Como vê, não sou
todo mal:
pra guardar
lembrança tua,
o espírito
do teu maracanã
perdurará ainda amanhã:
o nome de um rio sujo
sem sabê-lo guardarão
quando evocarem o deus
do domingo pelo seu timão;
sairão aos chocalhos
orgulhosos dos títulos
sem pensar nos pirralhos
dos próximos capítulos;
este é o nosso país do futuro,
onde ainda se separam
os brancos dos escuros
mas sobre isso não falam
Pois,afinal o futebol é religião
sem sabê-lo guardarão
quando evocarem o deus
do domingo pelo seu timão;
sairão aos chocalhos
orgulhosos dos títulos
sem pensar nos pirralhos
dos próximos capítulos;
este é o nosso país do futuro,
onde ainda se separam
os brancos dos escuros
mas sobre isso não falam
Pois,afinal o futebol é religião
e quando se trata de salvação
basta orar ao deus da bola
para ver campeã a seleção;
sempre há tempo para uma nova ditadura
"pra frente brasil, salve a seleção!"
mantêm-se o tema. troca-se a moldura
- afinal, um país do futuro não requer cidadão.
consumirão toda a vossa subjetividade
com sofisticadas armas semióticas;
em nome de novas oportunidades,
instalarão-vos numa máquina panóptica;
e confortavelmente acomodados,
anestesiados por efeitos de liberdade,
pensarão serem índios novamente
só que agora sem nenhuma crueldade.
dormirão sem saber
que um dia houve passado
despreocupados em pensar
para além do nascer e do morrer.”