quinta-feira, 29 de novembro de 2012

¨

cento e poucos caracteres
alguns sons fantasiosos
cores vivas
um pouco de hedonismo torto
de justificação intensa
de alzheimer

essência natural de laboratório
(tipo baunilha)
desodorizantes
paraospés
parasaxilas,
parasmãos,
parasnucas,
paraoscabelos,
para a pele:
vagas lembranças do suor
relações em rede
em trânsito, em tráfico
em inspiração arcondicionada
e um resto de tudo
uma civilização

as folhas e as chuvas
de fim de inverno
entre as boeiras
e o asfalto
o mundo repulsante
o impulso de retorno
os cento e poucos caracteres perdidos
por verdades doxais
colocadas sem questão

não há o quê:
as folhas e as chuvas
na hora e local suficientes
para a vida gregária

um esquema trépido
triste, cinza e deverbado
asseticamente cansado
porque de folhas
já bastavam as de papel





terça-feira, 27 de novembro de 2012

CRESPA


O pêlo que precede
Sua buceta
Mantêm-me temente.
Não obstante,
A língua falasse.



(Adriano Menezes)

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

carlos

amigo, esta carta é para o ser que está em minha imaginação. há algo de você nele. o amigo (a amizade) é a possibilidade que dou à sua imagem de óculos e sua caça à borboletas. uma pessoa é o que damos de pessoa a ela? se assim for, você é meu amigo imaginário-concreto, ambíguo, como as volições do "quem" e dos nomes. sendo assim, corrijo-me: não há algo de você nele. ele é você mesmo independente de quem você seja... e se você não for meu amigo... bom... não vai fazer a menor diferença porque o afeto, antes de mim e de você, já é, e ele não é pessoa para se ter dúvidas do que é para si mesmo ou para os outros.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

as sombras do som

na sombra do som
aguda a mosca
'travessa o tom




longe o ritornelo
grilesco nina
insônes




nas mãos sopra
a ventuinha 
do branco 



persignam 
as letras do sol
e brilha algo
na margem da linha




sonho ébrio
de um dioniso 
pacato o poema
atravessa



versos
no fim a sombra
do sono sob o sol
insignifica qualquer
avanço pragmático




tudo não passa
de dedinscrição premetitada
  pelas                 pontas




entre sintaxes
a vida descansa 
na pausa sem pontuação




persignam
as linhas do sol 
e brilha algo 
na margem




nascem na sobra 
em tecidos de heliosons
letras sonhossoprantes

domingo, 4 de novembro de 2012

am


quem                     
                      tem

a                         a
m                        m
o                         o
r                          r

       a
vai