segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Classificados Zona Sul

Alguém morreu no leblon
no inverno glacial do leblon
de esmartefone na mão
de pés bem plantados no chão
e uma mala bem alinhavada da louis vuitton
alguém morreu no leblon
entre os charmes dos tapumes arrancados
e o cheiro dos perfumes queimados
meio perdido nos shoppings tão caros
e entre gentes tão sérias
resolveu logo morrer no leblon
se atirou numa vitrine
e sentiu o conforto tão rápido do choque
que invade os órgãos ainda vivos
quando se sente algum tipo de
claustrofobia antropoendêmica
que foi induzido a uma crise imediata
de consumolepsia

Leibnet

Dobra-te porque eu cá não te invento
porque a cada clique meu
tu te tornas um tormento
porque a cada chiste seu
sou menos meu em cada momento

Dobra-te em tormento meu
porque por mais filisteu 
que seja o meu invento
faço-me de teu chiste
porque te quero acontecimento

Dobra-te, então, em unguento
finge bem que me curas
com teu pobre comedimento
de não dizer tudo nem ser de todo
o não-ser em movimento

Mas negar o não dobrar
é querer mais ser do que há?
Mistérios de nosso procriamento
quando não há sub juris
capaz de superar o transgressimento

Dureza da dobra
que morre e que vive
enquanto não pára
em seu pleno andamento