quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

De Gude

Ela era o mundo.
mundo com luz avessa,
travessa,
sapeca,


Era a vírgula.
espaço entre e eterno
a pontuar movimento
pontuando não-ponto


Sob a fita crepe
sustentava azul
espelhava qualquer cinza
no seu interior
se era cor, 
se era alguém, 
se era, brilhava


e neste brilho de constelações
n'um rosto e n'um mundo
rolava entre utopias desfocadas
pulava entre andaimes abandonados
a correr
vergalhões no concreto
por tapumes 
indiscretos entre 
vigas e madeiras



sempre
o risco de cair



sofre
e era tanto atrito.
os vetores covardes
infringem-na a agir na inércia:
gravidade


no espaço infinito
ela consola o silêncio eterno.
induz-nos a uma oportunidade
- afirmar a precariedade
de alguma existência,

2 comentários:

  1. "ela consola o silêncio eterno"

    poesia de cinco palavras...gravei. :)

    Álvaro de Campos diria: " Vem, Noite antiquíssima e idêntica,"

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  2. tem alguma coisa da menina transverça derramado aqui; um odor do suor dela, talvez... e é lindo e bom o seu cheiro. bonito esse!

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