quarta-feira, 6 de junho de 2012

A passo largo


A passo largo
Um pouco frouxo
Mas bem desperto
Ao seu tempêro

Das vagas ouço
Um gesto imenso:
Entre dois pontos
Se instala o vento

E, quando largo
Não mais reflete
Morre o Rei  
Morre o valete

Sólida, crua
Suave e lisa
Num gesto largo
Se afirma a brisa

E Larga, lenta
Vaga rosa
Perpétua seiva
Sorri a ninfa

Longínquo agora,
No fora, o mais íntimo
Real se elabora
Eu Sístolo: diástolo
É ínfimo, meu solo

Ótium, otárium!
remeça pelo avesso
as valias de um progresso

Ecce tempo:
Mais, não tenho

Capta o largo, anda, mento,
Moderados
Olhos de bruxo - 

O tempo é um luxo


2 comentários:

  1. Entre as divindades dos nossos dias - o fetiche, o consumo, a fantasia, a imaginação - o tempo esconde-se no panteão. E quando, há vontade de mostrar-lhe a face, a face do tempo desfaz-se nas mãos que escolhem as letras e os números. E morando no secreto/sagrado/sobrado humilde do agora, ele vai luxuoso, ditando trocadilos .

    O tempo é o pai de todos os luxos e o único luxo que nunca se esgota, que se preserva ao destruir as suas particularidades - as suas pequenas mônodas ônticas-antropológicas que investigam a sua possível existência.

    Perda de tempo,

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