sexta-feira, 13 de julho de 2012

cosedura inubíqua

Em vista dos últimos acontecimentos
é preciso declarar
que não há mais muito espaço
para acreditar em nada.
O vazio arenoso das
nadificações
faz desertar da vida
como quem nada dela quer.
Por isso, o uso de pontos.
Pontos suportam o mundo,
como o fazem os ombros.
Eles marcam as mudanças,
em linhas e curvas
que nos fazem gostar
um pouco mais
dos escombros disponíveis
aos sentimentos.
Não desacreditar de amar
para além da lamechisse automática
que a indústria empacota:
eis um experimento
entre nobres restos.
A pieguice dos dizeres
contaminaria os lábios
mudos que falam
na ponta dos dedos,
se os dedos não
desdenhassem da mão,
desenhando-a
a desenhar outra mão.
Incongruência e confusão.
Costura de trapos,
as palavras velhas
maltrapilham para refazer
o amor como sentença,
com pontos e vírgulas
desajeitadas,
aos tropeços de um ser
que vive como quem
nunca passa dos poemas
de adolescência.

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