terça-feira, 21 de agosto de 2012
Frio e Brígida
Dada à rigidez, ela não encontrava companheiro. Isto não era ruim, havia o frio para cobri-la quando, à noite, ela sentisse falta de alguém. Frio logo se tornara o seu parceiro.
Como boa namorada que era, logo teria de reservar espaços na sua casa para a chegada do mais novo amante. Ao pé da cama, um par de chinelos esculpidos no piso, roupão com a inicial F bordada em azul. Pra esperá-lo, banhos gelados e nudez em pleno inverno.
Ocorre que o tempo propiciador das núpcias passou, e o calor da nova estação lembrou-a de que as compressas e o ar condicionado não a livrariam do triste reconhecer-se viva, e ser de calor. Mas amava-o e havia decidido: iria à Sibéria.
Lá se rendeu como jamais, ou como sempre havia desejado, embora ela não contasse com o fato de que a morte sacramentasse a união.
Congelada.
Concubina.
Só?
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Ausência e frieza na linguagem - conceito enforma palavra. Haveria acredito, maneiras de mais congelar o texto: retirar-lhe o calor da língua e dar-lhe menos abrigo, tornar mais gélida a sintaxe, retirar qualquer sentimento faria com que surgisse sibérico. Mas gosto, de coração, gosto
ResponderExcluire eu gosto de corações gostando...sabe aquele texto do qual vc decide tirar a literatura pensada...? pois é... por isso publiquei, embora concorde mesmo com vc :)
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