quarta-feira, 5 de setembro de 2012

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Nas gavetas com
tampos de vidro,
fumam as nuvens
pois tudo parece
o mesmo se não
fossem os cortinados.

As traças conversam
sobre a melancolia
dominical da televisão
e sentem o gosto de
abrirem os pulmões
para o revolucionário
ar de um horizonte
bonito, cheio de gavetas,
cortinas, nuvens, vidros e
concreto: muito concreto.

Entre os frames
das colunas e das linhas
arquitetonicamente
premeditadas,
os tijolos lembram
o existencialismo juvenil
de qualquer quinze anos:
o ser e o nada no plano
sartrecartesiano de um
pseudomarxista alienado.

No fim, o que importava
era continuar de pé,
como prédio
- sentindo o sabor fresco
das cinzas que os chefes
de trânsito prepararam
para as nossas vidas;
 e com o tédio,
no conforto pleno
das fantasias instantâneas
que explodem fáceis em
microondas quentes,
do tipo novidades,
todos os dias,

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