segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

sobre vôos e olhos de árvore

raso
o pássaro é mais que a manhã em seu vôo rasante, o vento
não é nada que afasta meus olhos e pensamento
é o que leva nas asas a cor que tem meus dentes, ele caça
algum inseto em minha cara, alguma larva?
coisa cheia de beleza, as suas penas

passa o pássaro diante tão perto assim
de mim, seu brilho é o nome do meu bem
começado com iluminuras, o pássaro que passa eu invejo
meu desejo espelhado na poça arde ao sol
falta-me tanta coragem
tudo o que resta, meus lábios, minha testa, minha fome
de vôo raso

mas sou no fundo pé-de-menino na lama, e é doído nem ter asas
quando só sei crescer raízes no mato por onde passa
vez ou outra uma dessas aves por entre os galhos
em que me aninho de alma e corpo, sem menos

eu apenas vejo
o tumulto e aquela água

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