segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Palavra

quero-te inaudita
a soar o improvável que não reconhecerei
(por isso não ouvirei)
a habitar o silêncio da imaginação
da probabilidade

quero-te indefinida
porque definida estará morta
enquadrada
em um caixão-museu
precioso objeto-enigma

quero-te minha
pois nunca serás minha
interposta entre mim, os outros e
os fantasmas das ideias
em alguma confraternização


em que o tempo, este anfitrião de tudo,
me oferecer a ti como antepasto
e a grave senhora que és fazer-se boca
para devorar-me e lançar-me
a uma ambígua eternidade.

3 comentários:

  1. Por que definir o que não se quer definido?

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  2. Cito ações dela, o que ela sofre e meus desejos sobre ela, mas ela não se define(apenas)nisso. Não a defino aqui, não a completo, não a dou fim. Eu faço esse (pretenso) poema para ela. De resto, metáforas não são "definitivas" e a natureza dela mesma é gerar surpresas, como sua interpretação.

    Foi assim em "a poesia desse momento inunda minha vida inteira"... remetendo ao que vem antes... o quê veio antes? sensação?... que nome dar? que palavra? Poderemos multiplicar respostas sem nunca sabermos...

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  3. Sim, poderemos multiplicar respostas, porém sem dizer a origem, o termo do qual se multiplica. Isto que não se quer definir, se define por dentro, in-define, ganha contornos pelo uso formal e conceitual, esculpi-se por dentro. Mas, enfim, isso sou eu pensando. A palavra tem liberdade de se dizer como quer! Ainda bem!

    :)

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