sábado, 4 de fevereiro de 2012

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Lento, os gestos arrastavam-se esferográfica adentro A tinta enrolava-se nas farpas do papel mal aplainado e insistia em passar falhada pelas linhas feitas com esmero maquinal Lendo, as letras embarralham-se e a rotina viciada impede uma apreciação digna do fato Perdido de sua elegância original, mistura-se entre coisas pueris e tecidos nobres, cuja custura não se pode pagar a verbo Não há elegância sintática na ausência de gestos gramaticais Significa-se muito pouco assim o mundo Eles, os grandes homens, exigiram de si sentenças que, de tão máximas, eram curtas Estes, os homens pequenos e cotidianos, misturam-se entre a covardia do futuro do pretérito e o divã tolo do eu lírico em um discurso que se delonga inútil e pouco proveitoso para os caminhos da espécie, para sua defesa e para seu subsequente progresso De mesmice têm-se vivido por séculos - os homens, em sua hegemonia besta, atestam isso - Difícil, no entanto, é viver de outrice O outro para sem acento Escolhe aquilo que desregula como objeto de estudo ou de esmero O corpo trai, pede outro e as noites são o encurtar de um desvanecer constante E Saber é sempre saber Mas lento nada se sabe, nada se pensa e na ausência, tudo se apaga

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