domingo, 17 de junho de 2012

Sábado depois da guerra

Sentado na sarjeta, diante de um muro de pedra, ele dizia com uma naturalidade traumatizada:

"Elas não dão, não dão,
a vagina para mim.
Ele era judeu alemão
meu avó
me ensinou.
Meus irmãos, meus irmãos
'tão enterrados
aqui ó!
Na tumba
debaixo da igreja!
Só que elas não dão a vagina,
nunca me deram.
Mas acho que as moças as moças
gostavam de mim.
Cada pessoa tem um valor
mas eu também podia usar drogras.
É o travesti
também gente.
Acho que as moças não dão
pra quem tem doença
pra quem é inferior.
Com o perdão de Deus,
elas fizeram lavagem cerebral em mim,
a japonesa fez lavagem em mim.
Eu te dou mil anos, bebe tudo.
Ela quer me pôr doente, complexado.
Elas estão com inveja de mim.
Me fizeram perder as pessoas, as pessoas
Eu não gostei, Pretinha!
Eu sou o dono! Sou judeu! Sou dono da barganha!
Eu tenho asilo! Eu posso escolher!
Eu tenho dois países: Alemanha ou Israel!
Eu estou com pena de vocês por causa da guerra!
Ele é doente,
eu já vou embora.
Eu também sou doente, eu controlo,
eu sou alcoolatra.
Desculpa, mas vocês não querem me dar a porcentagem,
desculpa.
Eu sou ignorante da vida porque anuncio o evangelho para os povos!
Eu tenho pena de vocês,"

Entre ficcionais, ele perdia-se no pensamento que, a essas tantas, já era maior do que ele. O corpo era só o veículo e tudo vazava da taxonomia imanente daquele cão. Era um dia de sol. Os pássaros cantavam e as árvores sorriam, decolavam aviões e desatracavam os navios para o mar, enquanto ele se afogava no incontrolável querer dizer que dominou, por fim, toda a sua força vital. Não havia final no parêntesis. Nunca havia depois,



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