segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

D. 3,14

[Deleuziana nº 3,14]

poetas perseguem uma personagem
personagens perseguem desejos
desejos perseguem objetivos
objetivos perseguem objetos
objetos seguem rumos
os rumos perseguem desvios
desvios perseguem repetições
as aliterações perseguem poetas

poetas desviam personagens
personagens desviam-se em desejos
desejos desviam objetivos
objetivos desviam-se d'objetos
objetos perdem o rumo
os rumos desviam os desvios
os desvios desviam as aliterações
as aliterações desviam-se das perseguições

e o e
conjuga-se com
o nada
que tudo
vira a todo
tempo

e o e
sempre começa
do nada
um contratempo
caótico

poetas perseguem desvios
personagens desviam perseguições
desejos perseguem desejos
objetivos desviam-se das objetivações
rumos perdem o rumo
objetos desviam objeções
aliterações repetem desvios
poetas falam repetições
as rimas conjugam o nada
o nada é um ser de alienações
sem centro, sem rumo, sem jeito
infinito dessujeito de individuações
um querer-ritornelo completo
repleto de defecções
os sons soam beleza
o sentido esvazia as significações

e se quiserem domar a palavra
a palavra
              muda fala
sem preocupações
não quer mais ponto,
não quer exclamações
não quer interrogatórios
tão pouco interrogações

desejo de vírgula
o infinito fala
das conversações





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